A ida ao Teatro e outro textos de Karl Valentin

Teatro da Terra

29 abril | 21:30 | CTE, Cine-Teatro de Estarreja
Classificação etária: maiores de 12 anos
Bilhetes: 5€ | Reservas e venda de bilhetes: Bilheteira CTE
Fala aos Bichos - Terra Amarela

Sinopse

Os textos de Karl Valentin são tão profundos quanto engraçados, tão críticos quanto divertidos. Nos vários“duelos” maravilhosamente grotescos, que a personagem trava com comerciantes, funcionários, polícias, e outros da rua, sentimos a delicadeza que a vida pode conter, intrinsecamente mestrada na arte de desconversar, na tomada à letra ou nos diálogos que interpreta como quer, e por isso, inocente da responsabilidade nas situações absurdas.

As personagens nascem das classes trabalhadoras mais baixas, como o casal de A IDA AO TEATRO, ou o duo de electricistas n’O PROJECTOR AVARIADO, são pessoas simples que se encontram actualmente, como no início do século passado, e é por isso que as pessoas ainda riem com tanto entusiasmo dessas pessoas teimosas hoje, como o faziam há 100 anos atrás.

O seu humor corrosivo alerta-nos para o mais insignificante dos pormenores nos intervalos temporais por onde deambula, agindo-nos a desafiar a lógica vigente ao instalar a dúvida relativa na hierarquia da importância, desta nossa abordagem à vida, deixando-nos a tentar adivinhar desfechos para finais, que o não são.

Ficha Técnica

  • Textos: Karl Valentin
  • Tradução: Luíza Neto Jorge, Maria Amélia Silva Melo
  • Encenação, Cenografia e Figurinos: Maria João Luís
  • Desenho de luz: Pedro Domingos
  • Com: Carolina Picoito Pinto, Helder Agapito, Maria João Luís, Rita Rocha Silva, Filipe Gomes
  • Os músicos ao vivo: no piano: Giovanni Barbieria, no violoncelo: José Blanco

  • Produção executiva: Rita Costa
  • Assistência de produção: Filipe Gomes
  • Direcção de produção: Pedro Domingos
  • Fotografia de cena: Luana Santos

  • Duração: 75 min.
Ida ao Teatro - Teatro da Terra
Ida ao Teatro - Teatro da Terra
Ida ao Teatro - Teatro da Terra

Karl Valentin (1882-1948)

De seu nome Valentin Ludwig Fey, nasceu em Munique a 4 de Junho de 1882, filho de família modesta. Depois de alguns anos de trabalho como marceneiro, começa uma carreira de cantor popular nas cervejarias de Munique. Chega a organizar, sem êxito, uma digressão com uma grande orquestra de vinte instrumentos que ele acciona sozinho, graças a um mecanismo que inventou.

É em 1907 que conhece, com O Aquário, o seu primeiro grande êxito. E passa a assinar Karl Valentin. Será em 1908, quando trabalha como actor em Frankfurter Hof, que conhece Liesl Karlstad que se viria a tornar a sua parceira em palco, durante cerca de trinta anos. Bertolt Brecht frequenta os seus espectáculos, toca na sua orquestra, reconhece a sua influência, chegando a afirmar que foi Valentin quem o ensinou a escrever peças de teatro.

Em 1933 o seu filme A Herança foi proibido por questionar a propaganda da superioridade da raça ariana, iniciando um período difícil para o artista e seus parceiros de palco. Quando, por razões de saúde, Liesl Karlstad abandona a parceria em 1935, Valentin não encontra substituta à altura.

A 1 de Abril de 1937, Samuel Beckett assiste ao seu espectáculo em Munique e comenta“Rimos tristemente.” Em 1942, Valentin retira-se para a casinha que tem em Plannegg, onde trabalha como amolador. Depois da guerra, tenta um regresso, com Liesl Karlstadt – mas passam desapercebidos. Quase esquecido, Karl Valentin morre de pneumonia a 9 de Fevereiro de 1948. O seu teatro é redescoberto nos anos 70, a partir das traduções de Jean-Jourdheuil e Jean-Louis Besson (Éditions Théâtrales), tendo desde então sido reconhecido como um dos maiores autores cómicos de sempre.

A encenadora

Maria João Luís iniciou a sua actividade como actriz em 1985 no grupo de Teatro A Barraca em Um dia na Capital do Império, Um Homem é um Homem, Fernão Mentes?, O Diabinho da Mão Furada e O Baile, encenações de Helder Costa.

Trabalhou depois no Teatro da Casa da Comédia, ACARTE, Teatro da Malaposta, A Comuna e TNDM II e com: Filipe La Féria, Rui Mendes, José Peixoto, Stephen Jurgens, João Mota, Cristina Carvalhal e Ana Luísa Guimarães.

No Teatro da Cornucópia participou em Antes que a noite venha de Eduarda Dionísio encenação de Adriano Luz, A Comédia de Rubena de Gil Vicente, Tito Andrónico de Shakespeare e Um Homem é um Homem de Bertolt Brecht encenações de Luis Miguel Cintra.

Nos Artistas Unidos, Hedda, Doce Pássaro da Juventude , A Noite da Iguana de Tennessee Williams e o monólogo Stabat Mater de António Tarantino com encenação de Jorge Silva Melo, peça Prémio da Crítica 2006 da Associação dos Críticos de Teatro e a nomeação para um globo de ouro.

Interpretou várias peças de teatro na televisão com direcção de Ferrão Katzenstein, Artur Ramos, Cecília Neto e Luís Filipe Costa. Recebeu, em 2003, o Prémio de Melhor Actriz no Festival de Curtas-metragens de Badajoz, com o filme Crónica Feminina, de Gonçalo C. Luz. Participou, no cinema, em filmes de Sérgio Godinho, Fernando Matos Silva, Teresa Villaverde, Beatrice Chantal, João Botelho, Elsa Bruxelas, Jorge Marecos, Paulo Rebelo, Jorge Cramez, José Nascimento, Jorge Silva Melo e Luís Filipe Rocha.

Co-fundadora do Teatro da Terra onde assume a Direção Artística e encena

A companhia

O Teatro da Terra é uma entidade sem fins lucrativos, legalmente constituída como cooperativa de responsabilidade limitada. Fundado em 2009 por Maria João Luís (profissional das Artes do Espectáculo desde 1985) na Direcção Artística e Pedro Domingos (profissional das Artes do Espectáculo desde 1988) na Gestão Administrativa e Financeira. Ambos acumulam várias funções na estrutura desde a encenação, a programação, a interpretação, a direcção de produção, a direcção técnica, o desenho de luz, entre outras. É pois, com um vasto currículo de mais de três décadas dedicadas ao teatro, que foi decidida a criação do Teatro da Terra. Entre 2009 e 2019, esteve sediado na região do Alto Alentejo onde deixou marca na comunidade e obteve reconhecimento nacional, em particular no formato dos processos de trabalho e na personalidade estética muito própria de cada criação teatral. O desenvolvimento da criação artística em estreita cumplicidade com os agentes culturais locais e regionais, caracterizou-se pela integração de actores, músicos e outros artistas, no espaço e tempo profissional da criação teatral.

O projecto artístico transporta na sua essência uma transversalidade democrática no acesso do cidadão a expressões artísticas variadas, pela itinerancia das produções, e também ao convergir as diferenças etárias, étnicas, regionais, políticas, de género ou outras, no exercício prático da cidadania ligada às artes. Os planos de actividade assentes na diversidade, mantêm a opção pelos melhores textos clássicos num espírito de renovação e re-interpretação. Também o apoio à criação contemporânea de novos textos, implica a montagem mas também a edição em livro físico, os originais na língua portuguesa, sem esquecer o público infanto-juvenil, onde se deixa a semente para os públicos do futuro. A edição em livro de vários textos originais para teatro e as mais de quatro dezenas de criações teatrais da companhia, afirmam o Teatro da Terra como uma referência nacional da criação contemporânea, caracterizada como pivot articulador de uma rede informal de parceiros entre teatros municipais, nacionais ou companhias de iniciativa independente, espalhados pelo país. O despertar precoce do interesse no trabalho artístico da companhia, possibilitou a co-produção, digressão e intercâmbio de várias criações, perspectivando também a sustentabilidade financeira e a rentabilização dos escassos recursos disponíveis.

Autores universais tão importantes como Federico Garcia Lorca, Georges Feydeau, Karl Valentin, Molière, William Shakespeare, Samuel Beckett, Heinrich Von Kleist, Anton Tchékhov, Eugène Labiche, Maurice Maeterlinck, Lewis Carroll, Bernard-Marie Koltès, Charles Dickens, ou os nacionais António José da Silva, Nuno Milagre, Sophia de Mello Breyner, Herberto Helder, João Monge, Romeu Correia, Carlos de Oliveira, entre outros, ocupam lugares de destaque no histórico da companhia. Em paralelo, desenvolvemos a vertente da programação com o acolhimento e intercâmbio de espectáculos de estruturas nacionais, oferecendo assim à região, a possibilidade de aceder a uma multiplicidade de correntes artísticas modernas e diversificadas.